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sexta-feira, fevereiro 11, 2005


Suspeitos do costume Posted by Hello

Campanha eleitoral 

Há duas razões de peso para não estar a dar atenção à campanha eleitoral para as legislativas. A primeira, é que os discursos dos principais candidatos são mais obscenos que um compacto do Fernando Rocha. Segundo, porque dos muitos argumentos que tenho ouvido atirados para os media, não há nenhum que foque um dos principais problemas deste país: A falta de apoio às famílias e o incremento das condições sociais que apoiem a paternidade.
Perdemos tempo com défices, com a sexualidade dos candidatos ou com discussões sobre os nossos compromissos internacionais. (Esta última talvez seja a mais ridícula de todas as questões. Se estamos na NATO e na UE não temos alternativa. Temos que estar no Euro, na Sérvia e na Bósnia, temos que aceitar as politicas comuns e fazer o melhor que podemos e sabemos para nos mantermos à tona!)
E nem uma palavra sobre o facto de as famílias não terem os benefícios fiscais que deveriam ter, de não haver lugares nos infantários públicos, de a maior parte dos medicamentos para crianças e de algumas vacinas indispensáveis não serem comparticipados, de os tratamentos de fertilidade não terem descontos e acima de tudo, de ninguém querer saber se a decisão de ainda ter filhos é ou não uma decisão que está acima das famílias, uma decisão que diz respeito a todo o país, um acto que vai influenciar o futuro de toda uma nação e que por isso não pode ser desprezado!
É aviltante. Perdem tempo a argumentar sobre o aborto, mas nem sequer lhes passa pela argumentação o facto de que, em percentagem, as mulheres que abortam são infinitamente menos que as que têm filhos. E que se em vez de olharmos para as que não os querem ter, olhássemos para as que os têm, e para as mudanças operadas na sua vida pelo simples facto de serem mães, estaríamos com certeza a ter uma postura muito mais humana, útil e patriótica!
A direita e a esquerda usam a FAMÍLIA como bandeira quando bem lhes apetece e convém. Mas não vi nenhum primeiro ministro ou membro do Governo dizer que não pode ir a debate ou dar uma entrevista porque tem que ir buscar o filho à escola. Não há um político português neste momento a eleição (falo claro dos cabeça de lista dos principais partidos) que me convença como pai. Santana Lopes soma divórcios e, embora eu acredite que gosta dos filhos, não é um exemplo para ninguém. Sócrates não tem filhos, como Paulo Portas também não tem, e suponho que a razão de fundo seja a mesma - são celibatários por vocação. Jerónimo de Sousa tem ar de avô, mas é demasiado metálico. E Francisco Louçã é um playboy revolucionário.
Em suma. Querem governar-nos. Muito bem. Mas estão tão dedicados à política que desconfio que há muito tempo se esqueceram do que é a vida real. Ou isso ou arranjaram umas excelentes baby-sitters.
Apesar de tudo, dia 20 vou votar. Não o fazer é dar razão a quem acha que a alienação política é a solução para o estado de depressão de valores que vivemos. Não vou desistir tão facilmente.

Colombo, um bom exemplo Posted by Hello

Fraldários 

Para pais experimentados e marinheiros de primeira viagem, um fraldário é um porto de abrigo. Está ali como garante de que se as coisas correrem mal e a fralda encher a meio das compras, ou do simples passeio de montra em montra, há salvação à vista. O fraldário é uma invenção dos países civilizados, que prezam a paternidade e que apostam na convivência social entre pais e bebés.
Por cá, já nos deixámos há muito desta coisa esquisóide de só os instalar na casa de banho das senhoras. Embora fossem um bom pretexto para um pai dedicado entrar nesse território proibido com uma excelente desculpa, e ainda por cima encher uma data de mulheres de calças na mão do seu charme de progenitor dedicado, a verdade é que é muito mais normal que os fraldários sejam secções à parte, com condições de salubridade especiais. Sítios ergonómicos, apetrechados da mais recente tecnologia de limpeza de rabinhos de bebé.
Conheço muitos fraldários. Em Portugal e no estrangeiro. Fui-me habituando à simplicidade. A maior parte deles tem apenas um tabuleiro de muda de fralda e pouco mais. Raramente estão muito limpos. Raramente são agradáveis. O pior de todos em que já estive foi no Campera. Eu sei que é suposto os preços serem de fábricas e se chamar Out Let, mas o fraldário é mais parecido com um urinol em tamanho grande! E eu já cheguei ao cúmulo de, em Londres, ter de mudar a fralda o meu filho em plena casa de banho do jardim zoológico com vista para a jaula dos macacos!
Mas depois... Há os fraldários de luxo. A nota mais lata vai para o do Centro Comercial Colombo. É magnifico! Ao nível do melhor da Europa. Excelentes condições, materiais e instalações. Higiene garantida e música ambiente. É um oásis, no meio de um centro em que a confusão pode ser avassaladora para pais com crianças pequenas.
O meu filho vai começar a deixar de usar fraldas em breve. Vão acabar-se as idas aos fraldários. Mas confesso que vou ter saudades. É que, casas de banho para crianças em condições são ainda mais raras que bons fraldários.

Lugares prioritários 

A questão é recorrente. Uma família mete-se no carro para ir a um centro comercial, ao supermercado, a um parque, a um armazém. Chega ao local e passa meia hora à procura de lugar para o carro. Se tem filhos de colo tem de os transportar por parques de estacionamento gigantescos, no meio dos outros carros. E porquê? Porque em Portugal parece que há uma dificuldade endémica de as grandes superfícies ou os locais públicos reservarem espaços de estacionamentos prioritários. Há muitos lugares para deficientes. E ainda bem. Há até uma lei que obriga os centros comerciais a terem acessos especiais para cadeira de rodas. Mas para as famílias os lugares são raros e quando existem, muitas vezes são tão apertados que nem sequer dão para tirar a criança do banco de trás!
O pior exemplo que conheço é o do Corte Inglés. Como é que um armazém que vive da visita das famílias se dá ao luxo de não ter lugares prioritários junto das entradas principais?! Para mim é um mistério!
Acho que só no dia em que as famílias com crianças pequenas boicotarem os grandes centros comerciais, recusando-se a fazer visitas regulares, a comprar nas suas lojas e a utilizar as suas infra-estruturas, é que os empresários vão perceber que é preciso dar uma atenção especial às famílias. Só que nessa altura vai ser tarde demais.

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