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quinta-feira, dezembro 30, 2004


Pela boca... Posted by Hello

A catástrofe da estupidez 

O meu amigo Jorge Pires enviou-me este mail. Com a respetiva fotografia.
«Na SIC Notícias, entrevistaram portugueses que partiram, depois da tragédia, para a Tailândia, mantendo os planos de férias. Uma dessas pessoas era Dulce Ferreira. Dulce Ferreira respondeu que já tinha as férias marcadas, que não tinha ficado nada preocupada com o que tinha acontecido, porque os pais, que lá estavam, tinham enviado uma sms a dizer que tinha havido 'uns tsunamis e umas coisas', mas estavam bem. Quando a jornalista lhe pergunta se estava triste com toda a situação, Dulce Ferreira responde 'sim, claro, agora já não vou ter todas as condições de férias que iria ter se por acaso não tivesse acontecido nada disto. Por outro lado, estou contente, porque vejo as coisas mais ao natural, como elas são, sem turistas'»

(Respirar fundo, contar até 10)

Dulce Ferreira é apenas a face visível de um mal nacional. A ignorância.
Dulce Ferreira não tem culpa. Pelo menos não tem 100 por cento de culpa. Falou no aeroporto, para uma jornalista insistente, e disse o que sentia, o que lhe ia na alma. Foi egoísta, insensível, fria e inconveniente. Mas não deve ser má pessoa... Claramente desconhecia que na altura em que falou, já havia 20 mil mortos, a maioria crianças, e que uma mãe portuguesa tinha perdido o filho de oito meses, arrancado dos seus braços pela segunda onda. Não é má pessoa... Só pecou por ser ignorante. A metáfora não é feliz, muito menos nesta altura, mas Dulce Ferreira deu-lhe um novo significado: «Pela boca morre o peixe». E morreu também a possibilidade de Dulce Ferreira se poder voltar a olhar no espelho, sem ter vergonha.
Hoje, são já 100 mil mortos. A maioria crianças. Estamos todos de luto. percebemos que somos muito pequeninos e que o planeta não nos vê como seres superiores e invencíveis. Será esta a metáfora da Natureza para nos fazer reflectir sobre a nossa vida no Novo Ano? A mim já me fez repensar uma data de coisas. E a preservar todos os momentos que tenho com a minha família. Espero que sirva para que as Dulces Ferreiras deste país aprendam alguma coisa... Mas por outro lado... Há pessoas que nunca aprendem.

domingo, dezembro 26, 2004


«Fungagá da Bicharada» até 6 de Fevereiro no Teatro Trindade Posted by Hello

Fungagá 

Quando eu era pequenino, as músicas do José Barata Moura faziam parte do meu dia-a-dia. Cresci com elas. Eram tão presentes que até ter para aí oito ou nove anos, achava que faziam parte das coisas lá de casa. Que eram da família. O meu pai comprou-me todos os singles e ouvimo-los vezes sem conta. E um dia comprou-me um LP. Chamava-se «Fungagá da Bicharada».
O nosso país é pequenino, mas tem pessoas muito grandes. O José Barata Moura é uma dessas pessoas. As suas músicas foram, são e serão uma fonte de inspiração, educação, diversão para milhares de miúdos. Foram para mim.
È por isso que o melhor adjectivo que tenho para a peça «Fungagá da Bicharada» é: Comovente.
Primeiro, porque dar cara nova às músicas da minha infância e torná-las ainda mais brilhantes não é só uma proeza do encenador e dos actrores que estão em palco. È um acto de amor. Depois, porque dar às crianças de 2004 sons com trinta anos, e vê-las vibrar, como eu vibrava, é um sinal de que, apesar de tudo, as coisas boas prevalecem. E as crianças são sempre o melhor público, porque não sabem mentir.
Passei a manhã de hoje no Teatro da Trindade com o meu filho e a minha sobrinha. Foi a primeira peça de teatro para ambos. Começaram em grande! Ele adorou. Ao intervalo pedia mais. E só se deixou derrotar pelo sono, a ressaca de um Natal com quilos de prendas. No final, a minha sobrinha, que se aguentou sempre acordada, pediu para repetir!
Este ano, tive o previlégio de ver grandes espectáculos ao vivo. Estive no Rock in Rio, fui ao Coliseu ver o «Cats». Mas de todos, o que mais me comoveu foi o «Fungagá da Bicharada». Por ser tão meu, tão nosso. E agora... Por ser tão do meu filho e da minha sobrinha.
PS: Obrigado Joana pela excelente prenda de Natal.

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