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segunda-feira, abril 12, 2004

«Já chegámos?!» 

Descobri este fim de semana que o meu filho não suporta filas de trânsito. Muito menos se as apanhar num domingo à tarde.
Decidi ir passar a Páscoa fora de Lisboa e no regresso demorei uma hora e meia a fazer um percurso que normalmente percorro em quinze minutos. Até nem foi mau, mas o meu filho é que não esteve pelos ajustes. Eu e a mãe tentámos de tudo. Música, brincadeiras e até uma paragem a meio do caminho, que acabou por ser pior porque lhe deu a sensação que tínhamos chegado e só lhe aumentou a fúria.
A verdade é que até podia ter sido pior. Se em vez da Ericeira tivéssemos escolhido o Algarve, a hora e meia podia ter-se tornado em duas ou três horas de fila... Tremo só de pensar o caos que teria sido. É que o puto só tem treze meses! Ainda nem sequer chegou à fase do «Are we there yet?!». Mas pelo andar da carruagem, estou a imaginar-me a entrar no carro, antes de iniciar uma viagem longa e ouvir a pergunta que congela o sangue: «Já chegámos?».
E depois? O que é que se responde a uma criança de três ou quatro anos quando ela nos faz uma pergunta destas? É que o célebre «Estamos quase a chegar...» só funciona uma ou duas vezes... Depois é o martírio!
Acho que com a evolução que tem havido nas vias rodoviárias europeias e mundias já deviam ter inventado uma faixa especial para pais. Assim como os lugares nos parques de estacionamento ou as caixas expresso. Uma via reservada a carros com crianças, que permitisse não ficar nas filas.
Bem... Eu ainda tenho sorte. O meu filho ainda usa fraldas e está só a aprender a andar. Enquanto esperava na fila este domingo, e tentava entretê-lo com palhaçadas e danças loucas, que muito devem ter divertido o condutor da frente, vi um pobre pai que, em desespero de causa, teve de sair do carro e percorrer algumas centenas de metros com um filho, que devia ter para aí seis anos, e para quem estar fechado dentro de um carro era pior que não poder ver o «NoddY» durante duas semanas!
Não gosto muito de elogiar os americanos, até porque nos dias que correm, elogiar os americanos é quase tão mau como depositar 5 mil euros numa conta da Al Qaeda! Mas os tipos, que estão habituados a percorrer milhares de quilómetros de carro, e que têm grande engarrafamentos, é que sabem destas coisas! Fizeram carrinhas com espaço para as crianças estarem confortavelmente sentadas e seguras e ao mesmo tempo puderem brincar! E depois, puseram-lhes televisão e DVD!
Se não fosse o imposto automóvel, estava tentado a comprar um monovolume da Chrysler, totalmente equipado! Mas a minha mulher não gosta de monovolumes... Por isso... Vou ficar-me pelas figuras ridículas e pelas músicas do Gomo. Pelo menos até ao dia em que o condutor da frente interpretar mal uma das minhas danças e achar que eu lhe estou a fazer um manguito... «Já chegámos?!»

Obrigado Gomo 

O meu filho adora dançar. E de há uns dias para cá começou a pedir música. Levanta o dedo e emite uma ordem de comando. Um «Dá!» com sentimento. E não descansa enquanto não começa a ouvir música.
Desde pequeno que o temos habituado a ouvir muita música, de vários géneros. Desde os quatro meses que o adormeço ao colo e ao som de música. De preferência os clássicos, Sinatra, Armstrong, Fitzgerald... Ou os outros, Williams, Crow, Bono...
Mas ele nem sempre é fácil de contentar. Está a tornar-se exigente. Acho que a música para ele já não é só o barulho ritmado e com alguma ressonância que o ajudava a acalmar. Começa a interpretar os sons. Quer dizer... Acho eu...
A verdade é que nos últimos dias, sempre que fazia mais birra, (algo que acontece aos fins de semana ou aos feriados quando ele percebe que de repente os pais estão ali 24 horas sobre 24 horas para usar e abusar), só a música é que o acalmava. E não era qualquer música.
Descobrimos, eu e a mãe, que o nosso filho se tornou fã de Gomo. Em especial do tema «Feeling Alive». Talvez por causa da sonoridade fresca. Talvez por causa da participação especial do Pato Donald no refrão. Ou, se calhar, apenas porque é uma música animada e a cheirar a Verão.
A verdade é que «Feeling Alive» se tornou no hino do meu puto. E agora não nos larga. Levanta o dedo, sorri e lá entram os acordes: «Hei I'm feeling alive!» Obrigado Gomo.

Filmes 

Para quem tem um bebé pequeno, ir ao cinema pode ser uma aventura. Ou uma operação de logística. No meu caso, é preciso sorte.
A nossa primeira ida ao cinema depois da criança nascer foi encarada como um acontecimento. Por isso, escolhemos um filme a preceito. «Cidade de Deus» pareceu-nos uma boa escolha. Já não íamos ao cinema há uns quatro meses e decidimos não nos enfiar numa sala escura para ver uma comédia romântica ou qualquer coisa desse género. Um filme sério, para pensar, era o ideal. Escolhemos um cinema novo e com pergaminhos de ser uma das melhores salas de Lisboa: O Corte Inglés. Comprámos bilhetes mais caros e jantámos por perto. Tudo numa boa.
Depois, o pai babado e preocupado liga para os avós, só para saber se está tudo bem. Faltam dez segundos para entrar na sala. E a avó babada diz que o menino não pára de chorar desde que os pais o deixaram. E diz as palavras proibídas: «Se calhar dói-lhe alguma coisa...» De imediato, soam as sirenes de alarme na cabeça do pai. O estômago desce aos pés e a adrelina injecta-lhe o coração. O filme já não tem importância e a cara de desconsolo da mãe, que começa também a ficar preocupada, é mais um incentivo para fazer marcha atrás.
Ficámos a segundos de entrar na sala. O rapaz dos bilhetes olhou-nos com uma cara de desconsolo. Os bilhetes não eram reembolsáveis. Acabámos essa noite a ter de dar banho ao nosso filho para o acalmar.
As crianças são assim, antes de darem um salto no crescimento tornam-se verdadeiras pilhas. E o nosso filho escolheu logo o momento de dar o salto na noite que nós elegemos como a primeira noite de cinema da era paternidade.
A compensação é que no dia seguinte, começou a passar os objectos de uma mão para a outra, uma das primeiras grandes conquistas motoras. E os pais furiosos e frustrados voltaram a ficar babados.
O certo é que, nem eu nem a minha mulher voltamos a ter coragem de programar uma ida ao cinema. Ficamos pelos DVDs, depois do puto dormir. Assim, pelo menos, não ficamos sem o dinheiro dos bilhetes. É óbvio que, mais cedo ou mais tarde vamos voltar a programar uma noite de cinema. Já fizemos jantares e teatros... Mas o cinema continua em stand by.
Confesso que já voltei a entrar numa sala de cinema, entretanto. Os meus colegas de trabalho decidiram levar-me a uma matiné. Era um dia com pouco trabalho e fomos passar a hora do almoço a ver um filme. Escolheram «À procura de Nemo»... Palavras para quê...

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