quarta-feira, novembro 03, 2004
Londres
Londres é a minha cidade de eleição. Talvez por isso já a tenha visitado mais vezes que o Porto, Coimbra ou Beja... Londres é, das cidades do mundo onde já estive, a única em que não são precisos mais que uns minutos para me sentir em casa.
A minha mulher não conhecia Londres e a viagem estava prometida há muito tempo. A única dúvida, que nunca chegou bem a ser uma dúvida, era se levávamos o nosso filho ou se optávamos por um fim-de-semana a dois.
Prevaleceu a tese de que as férias são para a família e embarcámos num avião da British Airways com destino a Heathrow. Os três. Por seis dias.
Optámos por viajar com pouca bagagem. Já bastava o lastro que levávamos de recomendações e maus presságios que os familiares mais neuróticos se encarregaram de aviar! Curioso é que apenas o avô pensou que seria boa ideia, em vez de grandes discursos, sugerir um fim-de-semana a cinco, com direito a baby-sitting... Por impossibilidades de agendas, ficou adiado para uma outra ocasião, mas ficou o registo da ideia. E lá fomos ver o Big Ben, a Estação de Paddington, o Hyde Park e todos esses ícones que fazem de Londres uma cidade única.
Foram seis dias fantásticos. Viajar com uma criança de 20 meses tem grandes vantagens... Uma delas é não ficar em filas à entrada dos museus. E também tem grandes diferenças. Para começar, os dias acabam às seis da tarde. Londres é uma cidade com uma vida nocturna das mais animadas da Europa, mas pouco própria para bebés. Por outro, um bebé de 20 meses pode tornar-se temperamental, se o cansarmos demasiado... Por isso, é prudente fazer dias curtos.
Mas Londres é uma cidade preparada para famílias. O que ajuda bastante. Desde logo porque os autocarros estão preparados para que se possa entrar com o carrinho de bebé, aberto, e sem ter que acordar as crianças. E depois, porque em qualquer lugar, entrar com uma criança é sinónimo de atendimento VIP. Enfim... Diferenças...
O único senão é a comida. Os ingleses são famosos por comerem mal, e em matéria de comida de bebé, levam isso ao extremo. Não me interpretem mal, a comida é de excelente qualidade, proveniente de agricultura biológica, e feita com os maiores cuidados. Mas por alguma razão, os ingleses acham que uma criança de 20 meses quer comer caril, carneiro à Grega ou tarte campestre. Tudo muito condimentado, cheio de ervas aromáticas e muito tomate!
O meu filho detestou a comida inglesa. E obrigou-nos a malabarismos para conseguirmos dar-lhe uma alimentação que não passasse apenas por papas Cérelac e leite. Mas conseguimos! E ele não perdeu peso! E acabou por comer carne, ovos, sopa e fruta, tal como se estivesse em Portugal... O que um pai não faz no estrangeiro!
Antes de partirmos, pensávamos que seis dias num país estrangeiro, com uma criança pequena, era uma aventura. E quando regressámos, soube a pouco. É sempre assim com Londres. Fica sempre a vontade de lá voltar... E depressa.
A minha mulher não conhecia Londres e a viagem estava prometida há muito tempo. A única dúvida, que nunca chegou bem a ser uma dúvida, era se levávamos o nosso filho ou se optávamos por um fim-de-semana a dois.
Prevaleceu a tese de que as férias são para a família e embarcámos num avião da British Airways com destino a Heathrow. Os três. Por seis dias.
Optámos por viajar com pouca bagagem. Já bastava o lastro que levávamos de recomendações e maus presságios que os familiares mais neuróticos se encarregaram de aviar! Curioso é que apenas o avô pensou que seria boa ideia, em vez de grandes discursos, sugerir um fim-de-semana a cinco, com direito a baby-sitting... Por impossibilidades de agendas, ficou adiado para uma outra ocasião, mas ficou o registo da ideia. E lá fomos ver o Big Ben, a Estação de Paddington, o Hyde Park e todos esses ícones que fazem de Londres uma cidade única.
Foram seis dias fantásticos. Viajar com uma criança de 20 meses tem grandes vantagens... Uma delas é não ficar em filas à entrada dos museus. E também tem grandes diferenças. Para começar, os dias acabam às seis da tarde. Londres é uma cidade com uma vida nocturna das mais animadas da Europa, mas pouco própria para bebés. Por outro, um bebé de 20 meses pode tornar-se temperamental, se o cansarmos demasiado... Por isso, é prudente fazer dias curtos.
Mas Londres é uma cidade preparada para famílias. O que ajuda bastante. Desde logo porque os autocarros estão preparados para que se possa entrar com o carrinho de bebé, aberto, e sem ter que acordar as crianças. E depois, porque em qualquer lugar, entrar com uma criança é sinónimo de atendimento VIP. Enfim... Diferenças...
O único senão é a comida. Os ingleses são famosos por comerem mal, e em matéria de comida de bebé, levam isso ao extremo. Não me interpretem mal, a comida é de excelente qualidade, proveniente de agricultura biológica, e feita com os maiores cuidados. Mas por alguma razão, os ingleses acham que uma criança de 20 meses quer comer caril, carneiro à Grega ou tarte campestre. Tudo muito condimentado, cheio de ervas aromáticas e muito tomate!
O meu filho detestou a comida inglesa. E obrigou-nos a malabarismos para conseguirmos dar-lhe uma alimentação que não passasse apenas por papas Cérelac e leite. Mas conseguimos! E ele não perdeu peso! E acabou por comer carne, ovos, sopa e fruta, tal como se estivesse em Portugal... O que um pai não faz no estrangeiro!
Antes de partirmos, pensávamos que seis dias num país estrangeiro, com uma criança pequena, era uma aventura. E quando regressámos, soube a pouco. É sempre assim com Londres. Fica sempre a vontade de lá voltar... E depressa.
Hamleys
Os ingleses dizem que é a maior loja de brinquedos do mundo. Não tenho a certeza se é ou não, mas tenho a certeza que é a mais fantástica.
São cinco andares de brinquedos. Divididos por estilo, idade, marcas. E só existe uma regra. As crianças podem brincar com todos os brinquedos.
O meu filho passou duas horas na Hamleys da Regent Street. Mexeu em centenas de brinquedos, partiu alguns, e no final estava completamente extasiado. Nessa noite, dormiu que nem um anjo, com um sorriso nos lábios. Via-se que estava contente.
Para os donos da Hamleys, compensa ter umas centenas de brinquedos estragados por dia. A loja está sempre cheia, e não só de turistas. E toda a gente compra alguma coisa. Nós comprámos livros e prendas. E nem sequer gastámos uma fortuna, o que em Londres é fácil de acontecer.
Já tinha visitado a Hamleys duas vezes, mas nunca com uma criança. Ver aquela loja pelos olhos do meu filho fez-me perceber que a opção de criar um grande centro de brincadeira para crianças e jovens é uma ideia genial. E estupidamente simples.
Mas enfim, em Lisboa, uma destas tardes, o meu filho colocou as mãos no vidro de uma montra de brinquedos. Tinha acabado de destruir uma bolacha de aveia e por isso sujou a montra com migalhas peganhentas. A gerente da loja só faltou chamar o segurança. Risquei aquela loja da minha lista de prendas de Natal.
São cinco andares de brinquedos. Divididos por estilo, idade, marcas. E só existe uma regra. As crianças podem brincar com todos os brinquedos.
O meu filho passou duas horas na Hamleys da Regent Street. Mexeu em centenas de brinquedos, partiu alguns, e no final estava completamente extasiado. Nessa noite, dormiu que nem um anjo, com um sorriso nos lábios. Via-se que estava contente.
Para os donos da Hamleys, compensa ter umas centenas de brinquedos estragados por dia. A loja está sempre cheia, e não só de turistas. E toda a gente compra alguma coisa. Nós comprámos livros e prendas. E nem sequer gastámos uma fortuna, o que em Londres é fácil de acontecer.
Já tinha visitado a Hamleys duas vezes, mas nunca com uma criança. Ver aquela loja pelos olhos do meu filho fez-me perceber que a opção de criar um grande centro de brincadeira para crianças e jovens é uma ideia genial. E estupidamente simples.
Mas enfim, em Lisboa, uma destas tardes, o meu filho colocou as mãos no vidro de uma montra de brinquedos. Tinha acabado de destruir uma bolacha de aveia e por isso sujou a montra com migalhas peganhentas. A gerente da loja só faltou chamar o segurança. Risquei aquela loja da minha lista de prendas de Natal.
Diferenças
Londres e Lisboa não são muito diferentes. Quer dizer. Eles guiam pela esquerda, têm os polícias com chapéus altos e têm o Big Ben... Mas de resto, não há assim muitas diferenças. Tal como em muitas outras áreas, a grande diferença entre ingleses e tugas é a atitude.
Os ingleses podem ser snobs, ter uma maneira peculiar de celebrar vitórias futebolísticas e não ligar a dias de chuva. Mas acima de tudo são civilizados. E isso nota-se mais quando se viaja com uma criança.
Não é só o facto de tudo estar preparado para receber famílias. O que em Lisboa é raro. Nem sequer é a questão de as pessoas respeitarem os sinais que indicam que aquela entrada, aquela bilheteira, aquele elevador é para pais com cadeirinhas... O que em alguns supermercados portugueses é apenas uma figura de estilo!
Os ingleses respeitam mesmo as famílias. E vão ao ponto de nem sequer porem a hipótese de não lhes dar tratamento preferencial.
No metro, por exemplo. Em nenhuma estação me pediram o bilhete, pela simples razão de que eu levava uma criança ao colo. Faziam mesmo má cara se eu fazia o gesto de procurar no bolso os pedaços de papel que me davam o direito a usufruir daquele transporte. O mesmo nos autocarros. Se eu fosse o português médio, tinha andado sem pagar durante uma semana em qualquer transporte londrino. Mas eu nunca fui bom nesses esquemas. E eles merecem que não se ludibrie o sistema.
E depois houve o episódio da entrada no aeroporto, que surge como epíteto daquilo a que eu passei a chamar, a inevitabilidade das atitudes.
À entrada das salas de embarque em Lisboa, um segurança solícito reparou que o nosso filho ia a dormir na sua cadeirinha e mandou-nos passar, sem termos que fechar a respectiva cadeirinha e passá-la pelo aparelho de raio X. Mas o seu colega, funcionário de outra empresa de segurança, e ainda mais solícito, decidiu que a cadeirinha do meu bebé era um item que merecia atenção. Por isso, obrigou-nos a acordar a criança e a retirá-la da cadeirinha.
No regresso, em Heathrow, deu-se a mesma situação. Escaldados pela experiência da Portela e certos que as malhas da segurança em Londres são muito mais apertadas, pensámos que seria melhor acordar a criança, e garantir que ela não ficava rabugenta. Eis senão quando, uma funcionária da polícia inglesa nos pede para não incomodarmos o bebé. E nos explica que a cadeira pode ser revistada sem o acordar. E nos ajuda a passar a cadeira por uma entrada especial para cadeiras, que evita o detector de metais.
Não gosto de dizer mal das coisas portuguesas. Acho que, com as variáveis que temos, estamos todos a fazer um grande esforço para este país não ir ao fundo. Mas às vezes é tão fácil fazer bem um trabalho simples... Para quê complicar?
Os ingleses podem ser snobs, ter uma maneira peculiar de celebrar vitórias futebolísticas e não ligar a dias de chuva. Mas acima de tudo são civilizados. E isso nota-se mais quando se viaja com uma criança.
Não é só o facto de tudo estar preparado para receber famílias. O que em Lisboa é raro. Nem sequer é a questão de as pessoas respeitarem os sinais que indicam que aquela entrada, aquela bilheteira, aquele elevador é para pais com cadeirinhas... O que em alguns supermercados portugueses é apenas uma figura de estilo!
Os ingleses respeitam mesmo as famílias. E vão ao ponto de nem sequer porem a hipótese de não lhes dar tratamento preferencial.
No metro, por exemplo. Em nenhuma estação me pediram o bilhete, pela simples razão de que eu levava uma criança ao colo. Faziam mesmo má cara se eu fazia o gesto de procurar no bolso os pedaços de papel que me davam o direito a usufruir daquele transporte. O mesmo nos autocarros. Se eu fosse o português médio, tinha andado sem pagar durante uma semana em qualquer transporte londrino. Mas eu nunca fui bom nesses esquemas. E eles merecem que não se ludibrie o sistema.
E depois houve o episódio da entrada no aeroporto, que surge como epíteto daquilo a que eu passei a chamar, a inevitabilidade das atitudes.
À entrada das salas de embarque em Lisboa, um segurança solícito reparou que o nosso filho ia a dormir na sua cadeirinha e mandou-nos passar, sem termos que fechar a respectiva cadeirinha e passá-la pelo aparelho de raio X. Mas o seu colega, funcionário de outra empresa de segurança, e ainda mais solícito, decidiu que a cadeirinha do meu bebé era um item que merecia atenção. Por isso, obrigou-nos a acordar a criança e a retirá-la da cadeirinha.
No regresso, em Heathrow, deu-se a mesma situação. Escaldados pela experiência da Portela e certos que as malhas da segurança em Londres são muito mais apertadas, pensámos que seria melhor acordar a criança, e garantir que ela não ficava rabugenta. Eis senão quando, uma funcionária da polícia inglesa nos pede para não incomodarmos o bebé. E nos explica que a cadeira pode ser revistada sem o acordar. E nos ajuda a passar a cadeira por uma entrada especial para cadeiras, que evita o detector de metais.
Não gosto de dizer mal das coisas portuguesas. Acho que, com as variáveis que temos, estamos todos a fazer um grande esforço para este país não ir ao fundo. Mas às vezes é tão fácil fazer bem um trabalho simples... Para quê complicar?
Férias
Não há nada como ir de férias. Principalmente depois de mais de um ano sem uma pausa. As férias são aquele tempo em que parece que não há tempo. Em que podemos pôr tudo em dia. E em que, irremediavelmente, os dias se tornam curtos para tudo o que temos que fazer.
Quando se tem uma criança de 20 meses o tempo é ainda mais escasso. Por um lado, porque não queremos perder a oportunidade de passar todos os momentos com o nosso filho. E por outro, porque ele também se apercebe que os pais estão mais tempo por dia com ele... E por isso, exige muito mais tempo, só para ele!
Fomos de férias finalmente! Duas semanas inteiras só para a família! E já se foram! Passou tão depressa! Foi tão rápido! Se calhar foi porque passamos metade de tempo a preparar uma viagem a Londres e a outra metade a descansar da viagem!
O meu filho adorou as férias dos pais. Mas agravou a sua angústia da separação. É que depois de estar o mês de Agosto todo fora da escola, já tinha recuperado dos seus choros matinais à porta do infantário. E estas férias fora de tempo puseram tudo outra vez na estaca zero. Enfim... Nada é perfeito.
Mais uma lição para pais jovens, com férias fora de estação. Não mudem muito a rotina aos vossos rebentos. Eles podem ficar com muito mau feitio!
Quando se tem uma criança de 20 meses o tempo é ainda mais escasso. Por um lado, porque não queremos perder a oportunidade de passar todos os momentos com o nosso filho. E por outro, porque ele também se apercebe que os pais estão mais tempo por dia com ele... E por isso, exige muito mais tempo, só para ele!
Fomos de férias finalmente! Duas semanas inteiras só para a família! E já se foram! Passou tão depressa! Foi tão rápido! Se calhar foi porque passamos metade de tempo a preparar uma viagem a Londres e a outra metade a descansar da viagem!
O meu filho adorou as férias dos pais. Mas agravou a sua angústia da separação. É que depois de estar o mês de Agosto todo fora da escola, já tinha recuperado dos seus choros matinais à porta do infantário. E estas férias fora de tempo puseram tudo outra vez na estaca zero. Enfim... Nada é perfeito.
Mais uma lição para pais jovens, com férias fora de estação. Não mudem muito a rotina aos vossos rebentos. Eles podem ficar com muito mau feitio!