terça-feira, julho 13, 2004
Eles não percebem
Nove da manhã. Há pelos menos três sacos para levar, por pai. O meu filho já fez as birras matinais do leite, do vestir e do calçar. E está a começar a birra do colo. Grita «Cóla, cóla!» e pendura-se nas minhas calças. Quer sair e ir para o infantário. A mãe já tem os sacos na mão, já pôs a comida no thermos e já lhe preparou uma muda de roupa. Estamos prontos para sair. Desde que acordámos, até ao momento presente, passou uma hora. Mas, finalmente, estamos prontos... Para começar mais um dia de trabalho.
Quem não tem filhos não percebe... Bem, também há quem tenha filhos e não perceba... Mas esses, ou têm avós em serviço permanente, ou amas e afins... Ou então, estão-se marimbamdo e deixam tudo nas costas da mãe... Também há esses... Mas, há de tudo neste mundo...
Quem não tem filhos não têm que se preocupar com este tipo de coisas, como saídas de casa, fins de semana, idas ao jardim. Mas, para quem tem, uma simples saída matinal com uma criança de 17 meses é uma aventura logística... Diária.
E esta é só uma das coisas que quem não tem filhos não percebe. Outra é a dos programas after dinner, das reuniões que dão para tarde e dos fins de semana relâmpago.
Eu sei que é difícil explicar. Mas para os pais sairem à noite, sem pré-aviso de 24 horas, é necessário que avós ou baby sitters de serviço, estejam sempre a postos. E isso, infelizmente, não funciona assim. Depois, é preciso que a criança colabore. E que não faça birra. E que jante a horas. E que se porte bem.
No caso dos fins de semana, o problema não é só logístico mas de produção. É preciso saber se o sítio para onde se vai tem cama para bebé, ou se é necessário levar a cama de viagem. E há ainda a parafernália de coisas que é preciso transportar sempre que se vai de férias. Ou seja, o equivalente a todas as coisas que a criança precisa no dia-a-dia, mais aquelas que ela não precisa mas que pode vir a precisar. É assim, mais ou menos, como um exército a deslocar-se... Nos tempos do Império Romano.
Mas talvez o que mais incomode os pais não seja a incompreensão dos não-pais, mas o seu olhar estupefacto, a raiar o paternalista, quando lhes explicamos porque é que não podemos ir ao cinema, ou a um barzinho naquela noite... Com um aviso de apenas meia hora.
No seu mundo, livre de encargos paternais, não cabe o conceito de: «Não vamos sair, porque esta semana ainda não estivemos uma noite com o nosso filho». É inconcebível, patético, lamechas... É uma prisão! Estes pais são passados dos carretos! Que exagero! E outras coisas do género, sempre ditas com escárnio e com uma pontinha de superioridade e arrogância.
Mas para um pai, não estar duas noites seguidas com o filho, porque quando se chega a casa dos avós ele já adormeceu e nos limitamos a transportá-lo para casa e a deitá-lo na cama dele, é tão irrecuperável como perder a travessia de Vénus!
As crianças crescem demasiado depressa! E quando nos apercebemos que ele já se senta no sofá a ver televisão, atento e na dele, sem ligar aos adultos que o rodeiam, sabemos que estamos um passo mais afastados do bebé que segurámos ao colo e demos biberão, e só queremos correr para ele e abraçá-lo e beijá-lo... Mas ele só quer ver o canal Panda!
Eles não percebem. Tudo bem... Não os condeno... Isso passa, quando tiverem filhos.
Quem não tem filhos não percebe... Bem, também há quem tenha filhos e não perceba... Mas esses, ou têm avós em serviço permanente, ou amas e afins... Ou então, estão-se marimbamdo e deixam tudo nas costas da mãe... Também há esses... Mas, há de tudo neste mundo...
Quem não tem filhos não têm que se preocupar com este tipo de coisas, como saídas de casa, fins de semana, idas ao jardim. Mas, para quem tem, uma simples saída matinal com uma criança de 17 meses é uma aventura logística... Diária.
E esta é só uma das coisas que quem não tem filhos não percebe. Outra é a dos programas after dinner, das reuniões que dão para tarde e dos fins de semana relâmpago.
Eu sei que é difícil explicar. Mas para os pais sairem à noite, sem pré-aviso de 24 horas, é necessário que avós ou baby sitters de serviço, estejam sempre a postos. E isso, infelizmente, não funciona assim. Depois, é preciso que a criança colabore. E que não faça birra. E que jante a horas. E que se porte bem.
No caso dos fins de semana, o problema não é só logístico mas de produção. É preciso saber se o sítio para onde se vai tem cama para bebé, ou se é necessário levar a cama de viagem. E há ainda a parafernália de coisas que é preciso transportar sempre que se vai de férias. Ou seja, o equivalente a todas as coisas que a criança precisa no dia-a-dia, mais aquelas que ela não precisa mas que pode vir a precisar. É assim, mais ou menos, como um exército a deslocar-se... Nos tempos do Império Romano.
Mas talvez o que mais incomode os pais não seja a incompreensão dos não-pais, mas o seu olhar estupefacto, a raiar o paternalista, quando lhes explicamos porque é que não podemos ir ao cinema, ou a um barzinho naquela noite... Com um aviso de apenas meia hora.
No seu mundo, livre de encargos paternais, não cabe o conceito de: «Não vamos sair, porque esta semana ainda não estivemos uma noite com o nosso filho». É inconcebível, patético, lamechas... É uma prisão! Estes pais são passados dos carretos! Que exagero! E outras coisas do género, sempre ditas com escárnio e com uma pontinha de superioridade e arrogância.
Mas para um pai, não estar duas noites seguidas com o filho, porque quando se chega a casa dos avós ele já adormeceu e nos limitamos a transportá-lo para casa e a deitá-lo na cama dele, é tão irrecuperável como perder a travessia de Vénus!
As crianças crescem demasiado depressa! E quando nos apercebemos que ele já se senta no sofá a ver televisão, atento e na dele, sem ligar aos adultos que o rodeiam, sabemos que estamos um passo mais afastados do bebé que segurámos ao colo e demos biberão, e só queremos correr para ele e abraçá-lo e beijá-lo... Mas ele só quer ver o canal Panda!
Eles não percebem. Tudo bem... Não os condeno... Isso passa, quando tiverem filhos.