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quarta-feira, abril 07, 2004

Angústia da separação 

Os bebés sofrem de angústia da separação durante o primeiro ano. É aquela fase em que berram assim que um dos progenitores sai do campo de visão. Primeiro dá-se com a mãe. Depois com o pai. E mais tarde com ambos.
Os pais sofrem da angústia da separação dos filhos durante toda a vida.
Se ainda não a sentiram... Estejam atentos. Da próxima vez que forem levar o vosso filhote ao infantário e o entregarem a uma sorridente educadora, que o beija carinhosamente e lhe chama «pequeno», «maroto» e outros nomes impensáveis, vão senti-la. É um soco no estômago. Um suor frio que nos percorre e uma angústia enorme que nos invade.
Os pais não estão preparados para deixar os filhos à guarda de terceiros. Nunca estão... É o medo do desconhecido. O medo do imprevisto.
E mesmo quando nos tentamos enganar com frases feitas do tipo: Faz bem à criança o convívio com outros miúdos, é bom para a aprendizagem, as educadoras são profissionais... Nunca chega.
E o pior que tudo é que, quanto mais os miúdos crescem mais se apercebem dessa angústia paterna. E começam a tirar partido disso. Lembro-me que pedia ao meu pai que me trouxesse um carrinho ou outro brinquedo qualquer como condição para não chorar à entrada para infantário. E eram já rotina as visitas à loja de brinquedos Bavária, para acalmar as minhas birras.
As crianças sentem muito a nossa falta. Para elas, nós pais somos o centro do mundo. A única coisa que lhes interessa. E elas, para nós, são o mundo. Estão reunidos os ingredientes para muitos choros, muitas birras e muitos cabelos brancos.
A verdade é que, às vezes, sou eu que preciso de colo, depois de deixar o meu filho ao colo da educadora. E sou eu que preciso de uma festa na bochecha e de um «porta-te bem, até logo!».
Ele já vai a rir para os colegas e para toda a gente que o rodeia no infantário. E eu é que me agarro ao volante e faço planos para deixar de trabalhar aos 40 e ir morar para a beira mar, numas férias eternas patrocionadas pela minha genialidade e pela minha vontade de sonhar! E acelero para mais um dia de trabalho.

Uma colher de mel  

Fiz no outro dia a contagem. O meu filho tem 13 meses. 30 peluches, 7 bolas, uma infinidade de brinquedos inomináveis. Mais de 10 livros didácticos e a crescerem em número diariamente. Um triciclo, um ginásio da Chicco, um andarilho, vários brinquedos com música e com luzes. Mas só sossega de verdade qaundo lhe damos uma colher de mel para a mão. Ou um copo medidor. Ou uma tampa de biberão.
A pergunta é óbvia: Porque será que os tipos da Chicco, da Pré Natal, da Bebé Confort e afins, não fizeram ainda colheres de mel, copos medidores e outros objectos do dia a dia, para bebés? Não era muito mais inteligente?
O que acontece com o meu filho, acontece com a maioria dos bebés que conheço. Nunca ligam aos brinquedos que lhes damos. Preferem sempre aquelas coisas com formatos estranhos e cores baças, que vêem os pais utilizarem diariamente. E quanto mais perigosas forem, melhor!
Será por isso que, quando chegam aos 18 anos, nos vêem pedir a chave do carro? O principio é o mesmo, não é?
A verdadeira questão é... Para que é que gastamos tanto dinheiro em peluches e brinquedos, se basta comprar uma colher de pau? Garanto-vos que o Vassoureiro tem mais saída no infantário do meu filho que o Toys R Us... Ou se calhar não... Já não sei...
Entretanto, comprei uma bola de futebol ao meu filho. Uma réplica exacta da bola da Champions League, mas em tamanho bebé. E disse-lhe: «Habitua-te ao toque»... Nunca se sabe... Pode vir a ser o número 7 da selecção... E a encher a garagem de brinquedos... Com mais de 100 cavalos...
As coisas que um pai com sono diz...

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